O vento soprou devagar nas últimas semanas, mas ainda assim acabou por afastar a névoa que pairava sobre o meu pulmão. E em plena convalescença começo a fazer as malas. Amanhã cedo - demasiado cedo, por sinal - sigo para a Sérvia, para o Festival do Conto de Kikinda.
Estive na Sérvia na Primavera de 2004. Viajava sozinho pelos Balcãs. Apanhei o comboio em Zagreb, viajei toda a noite, dormindo estendido num banco e cheguei a Belgrado às primeiras horas da manhã. Estive 4 dias em Belgrado. Havia um sol quente por cima da cidade e uma luz de encantar turistas. Sentei-me nas poltronas das esplanadas, percorri as longas avenidas, estive um par de horas a olhar para a extensão de água que é o lugar onde o Danúbio e o Sava se unem, visitei as igrejas, os museus, a solitária campa do Tito . Inesperadamente, senti-me em casa - não na campa do Tito, mas na cidade em geral. Depois, apanhei outro comboio que me levou para sul, para a Bulgária.
Agora vou regressar e sinto as memórias estremecerem. Não conheço Kikinda. Sei que fica no Norte da Sérvia, perto da fronteira com a Roménia. Sei que, ao longo da próxima semana, escritores de toda a Europa estarão ali para ler contos, palavras escritas e ditas em diferentes línguas. E sei que, depois dos próximos dias, essa cidade será também uma memória em mim.
Se por acaso alguém andar pela Sérvia esta semana, vou estar a ler contos de HISTÓRIAS POSSÍVEIS, na sexta-feira em Kikinda e no sábado em Belgrado.
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