Eu queria ter escrito antes, mas os dias andam apertados demais. Hoje não é excepção, mas acabei de chegar a casa e descobri que tenho um par de horas para gastar. De modo que aqui vai, em jeito de recapitulação.
A semana passada estive dois dias em Viana do Castelo, a convite da Biblioteca Muncipal, para a 2ª dos Contornos da Palavra, um festival literário que vai crescer. Este ano, o tema era Literatura de Viagens. No primeiro dia orientei duas oficinas de escrita criativa. Não estava seguro em relação a esta actividade, sobretudo porque se tratavam de alunos entre os 16 e os 18 anos e todos as oficinas que fiz até hoje foram com adultos. E depois as minhas preocupações cairam por terra assim que começámos os exercícios. Porque a imaginação deles é ampla e ao mesmo tempo controlada e a forma como usam as palavras é verdadeiramente eficaz, as frases apresentam múltiplas leituras e imagens poderosas, e sabem assimilar nas suas intenções as sugestões que recebem. Quero fazer isto mais vezes.
No segundo dia em Viana, falei com alunos do 9º ano de três escolas diferentes sobre literatura e viagens e li algumas páginas de DEIXEM FALAR AS PEDRAS. E tenho a sensação de que o gozo que me dá ler este livro para adolescentes nunca vai esmorecer.
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Na passada sexta-feira foi publicado no Ipsilon, o suplemento de cultura do Público, um artigo de várias páginas sobre a nova geração de narradores portugueses na literatura e eu entre eles. Não me atrevo sequer a considerar a hipótese de que a minha fotografia na capa me coloque mais à frente que os restantes autores citados no artigo. E não quero passar a ideia de que a literatura que não encontra traves mestras na narrativa está condenada a desabar. A literatura de ficção, para minha enorme felicidade, é muitas coisas diferentes e para mim a narrativa é muitas vezes o mais importante, mas apenas enquanto autor. O leitor que sou quer percorrer mais caminhos para além desse.
Sobretudo, como noutras ocasiões semelhantes, fico feliz pelo interesse e confiança no meu trabalho e pelo apoio que recebi.
No mesmo Ipsilon vem uma crítica do João Bonifácio a DEIXEM FALAR AS PEDRAS. Assim que estiver disponível deixo aqui a ligação.
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Ontem, Feira do Livro, sessão de autógrafos na praça Leya. Não foi exactamente sessão de autógrafos porque dois autógrafos não é uma sessão de autógrafos. Mas estava a chover e era apenas o primeiro fim-de-semana da feira e há a questão da crise e as pessoas (eu incluído) deixam as compras para a happy-hour. Foi, ainda assim, uma tarde bem passada, à conversa com editores, autores, jornalistas e leitores que pararam na mesa onde estava sentado.
E consegui apanhar o final do debate no auditório da feira sobre o balanço editorial do ano na literatura infantil, moderado pela Sara Figueiredo Costa. E ainda bem porque estavam a debater-se coisas importantes, se é que nisto da literatura há coisas importantes.
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Hoje de manhã estive na Escola Alemã do Estoril a falar com alunos do primeiro ciclo sobre livros e imaginação. Isto é, eu falava e em simultâneo alguns alunos traduziam o que eu dizia para alemão para aqueles que não compreendem português. E como noutras ocasiões em que precisei de intérprete fiquei com vontade de ter sempre um a acompanhar-me. Porque o pensamento ganha um outro ritmo, mais lento, mais atento, mais exacto.
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E já está: esgotou-se o meu par de horas livres.
Gostei de ler... prepara a caneta que no próximo fim de semana irei à Feira do Livro... abraço...
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