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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A primeira semana

Foi uma semana agitada. O Índice Médio de Felicidade está nas livrarias desde terça-feira. Várias pessoas tiveram a simpatia de me dizer que já compraram o seu, algumas até já o leram, falam de "murro no estômago", de que é uma leitura "sem pausas para respirar". Isso deixa-me feliz - e isto não é qualquer espécie de trocadilho com o título do livro. Espero que mais gente o leia, que sinta o mesmo, que sinta diferente. Acredito que isto é apenas o início.

Antes que me esqueça, duas coisas.

Primeiro, o booktrailer do livro:




Segundo, a Dom Quixote vai oferecer 10 exemplares do Índice Médio de Felicidade. Para saberem mais sobre como ganhar, façam "gosto" na página de facebook do livro e estejam atentos.
E depois, as entrevistas, algumas já foram publicadas, outras o serão em breve. Assim que tiver ligações disponíveis, coloco-as aqui.

Há, para já, a entrevista que dei à Smooth FM, numa tarde de Agosto, pelo telefone, a caminho da praia. Se estiverem com atenção, é possível ouvir as gaivotas ao fundo. Oiçam aqui.

Na Agenda Cultural de Lisboa, um tal de João Tordo cometeu a ousadia de recomendar o Índice Médio de Felicidade como leitura para este Verão. Leiam o que ele diz sobre o livro aqui. (Abraço até Shangai.)

No blog Horas Extraordinárias, a minha querida editora, Maria do Rosário Pedreira, fala um pouco sobre o livro. Aqui. Mais adiante, escreverei sobre o trabalho com a Rosário neste livro. Repito aquilo que disse sobre Deixem Falar as Pedras: sem ela, este romance não seria este romance.

Há também a entrevista que foi publicada no Ipsilon na passada sexta-feira, que ainda não está disponível on-line. Muitas pessoas leram a entrevista, várias escreveram-me a dizer que se tinham identificado com aquilo que eu disse, algumas contaram sobre o período difícil que estão a viver neste momento. É estranho, eu só disse aquilo que penso há anos, que já disse várias vezes entre amigos, e que se resume assim: nós não precisamos de tudo o que possuímos, os bens materiais entretêem-nos mas não nos fazem mais felizes, a vida e a felicidade são coisas bem mais simples. O Índice Médio de Felicidade é sobre isso. Mas dá-me enorme conforto saber que há mais gente que pensa assim. Obrigado por partilharem as vossas histórias. Escrevam sempre que acharem necessário, a minha página no facebook ou este blog terão sempre as portas abertas.

Por agora é tudo. Assim que tiver novidades, virei aqui de novo.






quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Estes meses de silêncio

Eu sei. Faz muito tempo que não escrevo aqui. Salva-me a única desculpa credível de que estive a escrever um livro. Não quero falar muito sobre isso agora. Está escrito mas não está terminado. Neste momento tem 246 páginas e 22 capítulos. É um romance. Não é um romance como os meus outros romances. É um romance de fantasia. Há muito tempo que queria escrever esta história, a ideia original tem 4 ou 5 anos. E eu leio muitos romances de fantasia. E no fundo é essa a razão que me leva a escrever qualquer texto de ficção: eu escrevo o livro que gostaria de ler. Não há uma data de publicação, mas espero que seja brevemente. E não quero dizer mais.

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Nos últimos dois meses, apareceram algumas coisas sobre mim na imprensa, embora eu não publique um livro há mais de meio ano. Aqui vai.

No início de Dezembro, no suplemento anual da Visão, Visão Gourmet, há um artigo sobre a minha última ceia. Gostei muito dessa entrevista (orientada pela Sara Belo Luís), porque comer bem e cozinhar começam a tornar-se obsessões e reflectir sobre a minha última ceia antes de morrer ajudou-me a perceber que uma refeição só é completa quando existem mais pessoas sentadas à mesa. Toda a refeição que apresentei é, na verdade, composta por pratos da minha mãe e das minhas avós que eram frequentes na minha infância, quando havia sempre outras pessoas sentadas à mesa. Se não se cruzaram com esse artigo, vocês é que ficaram a perder, porque foi publicado acompanhado pela receita do Pudim de Ovos da minha avó Ilda.

Na última semana do ano, a Time Out fez uma reportagem sobre 11 pessoas com quem gostariam de jantar em 2012. Eu sou uma dessas 11. E fico feliz por me escolherem, pela confiança no meu trabalho, por me juntarem a todos aqueles nomes tão proeminentes.



No número 6 da revista Fonte, do Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes, a Maria Manuela Maldonado assina um ensaio/crítica sobre o Fabuloso Teatro do Gigante e sobre o Histórias Possíveis que gostei tanto de ler, pela atenção dada a alguns detalhes que foram importantes para mim quando escrevi esses livros. Mas gostei sobretudo de ler a carta tão bonita que me enviou, na qual fala sobre o Deixem Falar as Pedras, numa análise tão atenta e cuidada, e me dá a sua força para continuar a escrever. Obrigado, Maria Manuela. (Ainda não lhe respondi, mas vou fazê-lo, claro.)



E no Bibliotecário de Babel, o José Mário Silva incluiu o Deixem Falar as Pedras na lista do melhores livros de ficção de 2011. Aqui.

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Não é tudo. Dois meses não se resumem a apenas isto. Há mais, mas agora não há tempo para tanto. Prometo mais regularidade.

E um Bom Ano a todos.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Na Time Out da semana passada

apresentei o meu plano de marketing para a cidade de Lisboa.


(Clicar na imagem para aumentar)


sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Duas ou três coisas

Assim, sem muitos preâmbulos, deixo aqui duas ou três coisas que se passaram nas últimas semanas e depois volto ao trabalho.

O programa do canal Q, Ah, a Literatura! chegou ao fim, o que é mau, porque agora vamos todos ter de voltar a pensar que a literatura é coisa de vida ou morte, ou acima da vida e da morte, que só pode ser debatida por gente com pelo menos três doutoramentos. Eu estava lá, no último episódio, falei até, mas confesso que estive sobretudo entretido com o copo de vinho verde que tinha na mão. Foi assim



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E saíu finalmente o novo número da revista Solta Palavra, editada pelo Centro de Recursos e Investigação sobre Literatura para a Infância e Juventude (ou CRILIJ). Cada número é quase totalmente dedicado a um autor e desta vez escolheram falar sobre o meu trabalho nos livros infantis. Há artigos, recensões, entrevista, bibliografia revisitada e um texto meu. E esta confiança no meu trabalho deixa-me muito feliz. Fica aqui o meu abraço de gratidão e amizade para a Maria da Graça Carvalho e para todos os que de alguma forma participaram nesta revista.


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Na revista Os Meus Livros de Outubro, aproveitando as comemorações do centenário de Alves Redol e Manuel da Fonseca, há um artigo sobre o Neo-Realimo, no qual, entre outras vozes, eu digo o pouco que sei sobre o assunto.

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E é tudo.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Cata Livros + Comunidade de Leitores + Imprensa

Vou tentar lembrar-me de tudo.

Antes de mais, está finalmente operacional o site Cata Livros. O projecto é uma pareceria entre a Casa da Leitura e a Fundação Calouste Gulbenkian e disponibiliza uma série de livros em diferentes formatos. Entre leituras em voz alta, entrevista com autores, animações a partir de livros e outras actividades, é possível folhear as primeiras páginas de O TUBARÃO NA BANHEIRA e de OS QUATRO COMANDANTES DA CAMA VOADORA. Se quiserem tentar chegar lá sozinhos sem se perderem, na página inicial do Cata Livros, cliquem na janela desenhada num papel, depois, para a Cama Voadora, cliquem no avião de papel e, para o Tubarão, no barco de piratas de papel.

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Um comentário à conversa sobre DEIXEM FALAR AS PEDRAS na Comunidade de Leitores da Almedina. Muitos tinham lido o livro, alguns, entre perguntas e opiniões, disseram-me que tinham gostado. E eu fiquei feliz. Mas fiquei mais feliz quando vários membro da comunidade se puseram a discutir, com algum fervor à causa, se a família do meu livro é ou não uma família desestruturada. Não houve consenso. E isso é muito bom quando se trata de um romance.

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Deixo aqui a ligação para a (muito elogiosa) crítica a DEIXEM FALAR AS PEDRAS que o António Pedro Vasconcelos escreveu na sua crónica semanal no jornal Sol.

Há uma outra crítica a DEIXEM FALAR AS PEDRAS na edição de Junho da revista Blitz, pelo João Bonifácio.

No Atual desta semana, há crítica a A MALA ASSOMBRADA, pela Sara Figueiredo Costa.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Uma semana em jeito de relato

A semana passou mais calma que as últimas. E eu sabia que andava a precisar muito disto, mas não sabia que precisava tanto.

Ainda assim saí de casa na terça-feira e fui à livraria Barata para assistir à leitura de A MALA ASSOMBRADA pelos alunos do 3ºD da EB1 do Bairro de São Miguel. E gostei tanto. O livro a saltar de mãos, os ritmos diferentes da leitura, as pessoas que assistiam a sorrir. Já li o livro em voz alta muitas vezes e começo a ficar viciado em certos tiques de leitura e num tom que me sai por instinto. Foi muito bom ouvir a história noutras vozes, quase como se fosse outra história.

E no final houve autógrafos. Aqui fica o registo desse momento.


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Para quem não deu conta (e acredito que muitos não tenham dado conta), a minha semana passada foi muito televisiva.

Duas vezes na TVI24, em dias seguidos (eu sei, é absurdo). Primeiro no Nada de Cultura, do Francisco José Viegas, com a Patrícia Reis, o Paulo Ferreira e o António Fiqueira, à conversa sobre contar histórias. Depois no Livraria Ideal, do João Paulo Sacadura, a falar sobre DEIXEM FALAR AS PEDRAS e A MALA ASSOMBRADA.

E ainda no Ah, a Literatura!, do Canal Q, da Catarina Homem Marques e do Pedro Vieira, filmado na Feira do Livro de Lisboa, num dia de sol e calor, e vim de lá a pensar que todos os programas na televisão deveriam ter a sua própria barraca de farturas porque os convidados, por mais ilustres, pareceriam mais pessoas com os dedos engordurados e a boca cheia de açúcar.

No jornal Público do último sábado, a Rita Pimenta critica assim A MALA ASSOMBRADA:

Dois irmãos. Um medroso (o mais velho) e um destemido. O primeiro quer assustar o segundo e inventa um fantasma fechado numa mala que encontrou em cima do muro de um casarão. O plano sai-lhe ao contrário. O irmão mais novo não só abre a mala, como o convence de que o fantasma, agora à solta, o persegue por toda a casa. Chega até a entrar nos canos. “Se estiveres calado, consegues ouvir os barulhos que o fantasma faz dentro das paredes.” Não é apenas uma história sobre os medos, invocando o sobrenatural (grato aos pequenos leitores), é também sobre a cumplicidade, a competição e a brincadeira entre irmãos. David Machado criou uma bela história. O talento de João M. P. Lemos consegue brilhar mesmo nas ilustrações mais sombrias… e as imagens vão bastante além da narrativa. Um aplauso especial para as páginas de fundo (quase sempre) escuro, cujos elementos surgem apenas em contorno. Sintetizam de forma exemplar as ideias a transmitir.

E o texto da Rita Pimenta deixa-me muito contente, sobretudo pelos piropos ao trabalho do João Lemos.

Por outro lado, parece que na edição de hoje do Sol, o António Pedro Vasconcelos escreve na sua coluna sobre DEIXEM FALAR AS PEDRAS. Ainda não li. Mas disseram-me que ia gostar.

terça-feira, 10 de maio de 2011

As engrenagens

Vamos por partes.

Primeiro, sobrevivi exausto a um fim-de-semana muito simpático na Feira do Livro de Lisboa. No sábado, sentado no centro do turbilhão da Praça Leya, comecei a perceber que a engrenagem do dito boca-a-boca já está em movimento à volta de DEIXEM FALAR AS PEDRAS. Fico feliz, claro.

No domingo, houve teatro a partir de A MALA ASSOMBRADA para a criançada e o Espaço Cativar, à semelhança daquilo que tinha acontecido com O TUBARÃO NA BANHERA no ano passado, fez um trabalho notável na adaptação do livro.

Também no domingo, ao final da tarde, houve debate no Auditório da Feira sobre as escolhas dos melhores livros de ficção do último ano. (Para quem ainda não deu conta: há debates todas as tardes no Auditório da Feira.) A conversa (que não chegou ser conversa) era entre mim e o Manuel Alberto Valente (editor da Porto Editora), o Luís Ricardo Duarte (jornalista e crítico do Jornal de Letras) e o Sérgio Lavos (livreiro da Bulhosa de Campo de Ourique), moderado pelo José Mário Silva (crítico e jornalista do Expresso). Eu levei comigo livros de contos e tentei apresentá-los como se fossem diamantes que descobri por acaso entre a papelada dos romances. Aqui ficam os títulos (numa ordem ao acaso):

- Pássaros na boca, de Samantha Schewblin, Cavalo de Ferro;

- Um repentino pensamento libertador, de Kjell Askildsen, Ahab,

- Contos dos subúrbios, de Shaun Tan, Contraponto;

- Os objectos chamam-nos, Juan José Millás, Planeta;

- Break it down - Demolição, Lydia Davis, Ulisseia.

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E na imprensa (essa outra engrenagem)...

No sábado, no jornal I, houve entrevista comigo sobre o meu método de escrita. E eu esqueci-me de comprar o jornal e ainda não vi aquele que me guardaram.

Já está disponível no youtube o programa Ler Mais Ler Melhor (da RTPN, apresentado pela Teresa Sampaio) sobre DEIXEM FALAR AS PEDRAS. Podem ver aqui.

No blog Novos Livros, a secção 3 Perguntas a é sobre DEIXEM FALAR AS PEDRAS. Espreitem.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Notas avulsas

Último dia de antibiótico e sinto-me quase em forma outra vez. De modo que regresso ao trabalho. Tudo o que tinha pensado fazer nestas últimas duas semanas ou não foi feito ou foi feito a meio-gás.

Ainda em relação ao lançamento de A MALA ASSOMBRADA, agradeço a todos os que apareceram, os que enviaram mensagens ou telefonaram. As vossas palavras fizeram-me bem. E agradeço também aos blogs, sites, jornais, revistas e bocas que anunciaram o lançamento e apregoaram a presença deste novo livro nas livraria.

Entretanto, na imprensa, as novidades são: crítica do Miguel Real no Jornal de Letras ao DEIXEM FALAR AS PEDRAS; artigo na NS (revista de sábado do Diário de Notícias) sobre os hábitos e manias dos escritores, entre eles eu.

Amanhã sigo para Viana do Castelo, onde vou estar, até quinta-feira, a fazer oficinas de escrita criativa e a falar com os mais pequenos sobre livros, escrita, imaginação.

E aproveito para lembrar que na quinta-feira começa a Feira do Livro de Lisboa e eu gosto da Feira e da multidão que a povoa e dos autores sentados ao sol à espera de uma página onde rabiscar uma dedicatória e dos livros, claro. As minhas datas para autógrafos na Feira já estão na Agenda (no cimo desta página). E também para um debate sobre o Balanço Editorial do último ano, no qual irei participar.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

DEIXEM FALAR AS PEDRAS 8

Aqui fica um apanhado daquilo que se disse (e também do que tenho eu dito) na imprensa sobre DEIXEM FALAR AS PEDRAS.

Para além da crítica da Sara Figueiredo Costa, na Time Out, que já deixei aqui, há entrevistas:

no Jornal de Letras. Podem ler aqui, no blog A Volta do Parafuso, do jornalista do JL, Luís Ricardo Duarte.

no programa Câmara Clara diário, na RTP2. Vejam aqui, a partir dos 2:50 minutos.

no programa Ensaio Geral, da Maria João Costa, na Rádio Renascença, aos 8 minutos de programa. Oiçam aqui.

no programa À Volta dos Livros, da Ana Aranha, na Antena 1, aqui.

O Tito Couto sugeriu o romance, na sua rubrica «Muito Mais do que Livros», do programa Porto Alive, do Canal Porto, aqui (aos 3,50 minutos)

Os jornais Nova Aliança e Abarca fizeram reportagens sobre o dia em que visitei as escolas de Abrantes, onde falei para mais de 600 alunos, assinei mais de 150 livros e li, pela primeira vez em público, A MALA ASSOMBRADA. Nos dois artigos fala-se de DEIXEM FALAR AS PEDRAS.

Depois, apareceram referências, curtas ou extensas, ao romance, na Caras, na Focus, no Destak, no Correio do Minho, n'A Bola (uma estreia nos desportivos!), e no Fórum do Vale do Sousa (onde se faz um prognóstico simpático mas por enquanto disparatado).

Disseram-me que no programa Nada de Cultura, na TV24, o Miguel Real (que era convidado), recomendou a leitura de DEIXEM FALAR AS PEDRAS, o que me deixa feliz.

Espero que não fique por aqui. No entanto, se ficar, já me sinto de barriga cheia. Um grande abraço de gratidão a todos os que prestaram atenção ao meu livro.

terça-feira, 5 de abril de 2011

DEIXEM FALAR AS PEDRAS 6

Na Time Out, a Sara Figueiredo Costa escreveu assim:


Quando se vêem as frases riscadas a marcador preto na capa, não se estranha. Mas quando, na página 16, surge a primeira rasura no próprio texto, percebe-se que o marcador preto não é só adorno, mas antes um signo para decifrar no próprio romance. Só mais à frente se perceberá que essas rasuras estão profundamente ligadas à ideia de mexer no passado, de o recuperar como memória e de lhe dar a forma de uma verdade pronta para entregar ao futuro.


E é essa a matéria de que David Machado se socorre para construir uma narrativa labiríntica, comovente e cheia de uma força que deve tanto à habilidade do narrador como à sua dedicação ao gesto de contar.


Às coisas importantes na vida de um adolescente, ou seja, miúdas (neste caso), música inaudível e roupa pouco amiga do ambiente, Valdemar juntará a presença do avô, Nicolau Manuel, que foi obrigado a instalar-se na casa do filho depois de ter sido encontrado, sozinho e com poucas capacidades, na casa da aldeia. A história da vida do avô, tão rocambolesca que se torna verosímil, alimentará Valdemar com a mesma intensidade que os primeiros beijos molhados com Alice, sua vizinha, e tornará avô e neto cúmplices de uma vingança que remonta à juventude de Nicolau e a um casamento que não chegou a acontecer. A passagem pelas prisões do salazarismo, o envolvimento forçado com a clandestinidade comunista e uma série interminável de azares que talvez não tenham sido só azares, mas armadilhas bem montadas, cruzam-se nas histórias contadas por Nicolau ao seu neto e por este narradas num caderno. E se essa trama principal, quebrada por várias digressões, tem força suficiente para sustentar um romance, a reflexão que a acompanha, sobre verdade e verosimilhança, sobre a memória e a sua perenidade, faz de Deixem Falar as Pedras um presságio, capaz de confirmar que a narrativa de uma história é a única condição para que esta se torne verdadeira.

quarta-feira, 23 de março de 2011

DEIXEM FALAR AS PEDRAS 4

Quatro dias depois de aparecer na livrarias, as façanhas de DEIXEM FALAR AS PEDRAS na imprensa são as que seguem enunciadas:


- uma pequena referência no jornal A Bola (22-03-2011)


- no dia 22 de Março, notícia sobre o livro no jornal O Correio do Minho (22-o3-2011)


- entrevista comigo sobre o romance no Jornal de Letras (23-03-2011)


- crítica ao romance na revista Time Out (23-03-2011)


Assim que tiver estas coisas todas digitalizadas deixo tudo bem arrumadinho aqui no blog, na página da imprensa.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Nas Correntes...

O mundo inteiro parece estranhamente sereno. O silêncio - de que eu tanto gosto - é demasiado agudo, faltam-lhe as vozes e os pensamentos e o ruído que muitos livros juntos fazem ao serem folheados ao mesmo tempo. Deve ser o que sucede sempre que se regressa das Correntes d'Escritas.


Foi bom estar com amigos. Foi bom fazer novos amigos. Houve algum trabalho que não pareceu trabalho e noites longas que pareceram curtas. As intervenções nas mesas das sessões a que assisti foram quase sempre interessantes, algumas inspiradoras, embora eu não acredite na inspiração.


A minha prestação na mesa com o tema "A obra que faço é minha" correu muito bem mas foi, ao contrário do que o público presente possa ter pensado, atribulada. Na noite anterior tinha bebido uma cerveja a mais do que aquilo que talvez seja a minha conta certa e dormi cerca de quatro horas (do meu companheiro de quarto, um tal de João Tordo, vou apenas referir que, quando se foi deitar meia hora depois de mim, se esqueceu de fechar a porta do quarto). Acordei perto das oito da manhã em piloto automático, mais de uma hora antes da hora programada para o despertador do telemóvel tocar. Levantei-me. E não voltei a parar. Até ao fim do dia não consegui um único par de horas seguido para uma sesta. Estive na EB 2/3 Cego do Maio durante a manhã.Depois assisti ao lançamento dos novos romances do João Paulo Cuenca (um novo amigo) e do João Paulo Borges Coelho. Depois almoço. Depois assisti à mesa das 15.00. De modo que às 17.30, quando começou a minha mesa, o meu estado físico era como entende: dor de cabeça, sono e um cansaço que me pesava sobre o corpo todo. E como se isso não bastasse, ainda não estava a falar há trinta segundos quando senti os nervos estremecerem entre os ossos e a voz. Não me costuma acontecer. Pousei o papel onde levava a minha apresentação escrita, porque a mão me tremia e os olhos não conseguiam focar as linhas. Não me engasguei e não me enganei. Disse tudo o que tinha pensado dizer. As pessoas riram nas partes em que eu imaginei que se iriam rir, ficaram em silêncio, a escutar, nas outras. Tanto quanto sei, ninguém deu conta do meu sono, da dor de cabeça e dos nervos. No final houve aplausos, senti alívio, algumas pessoas vieram falar comigo, deram-me os parabéns, duas pediram-me o papel com o texto da minha apresentação. Não dei o papel, mas prometi que publicaria o texto neste blog, porque eu também gosto muito do que escrevi, e nos próximos dias isso vai acontecer.


Mas para mim, o melhor destas Correntes foi, claro, apresentar o meu novo romance. DEIXEM FALAR AS PEDRAS esteve à venda durante cinco dias apenas na livraria do festival, as pessoas puderam conhecer-lhe as formas, pegar nele, sentir os relevos da capa, folheá-lo, ler um par de parágrafos. Algumas compraram-no, talvez o estejam a ler neste momento, este pensamento deixa-me feliz. Dei alguns autógrafos, não ia preparado para isso, não tinha pensado nas dedicatórias que quero escrever na primeira página deste livro, espero não ter escrito disparates. O livro volta a esconder-se durante as próximas semanas e só estará de novo à venda dia 21 de Março, desta vez em todas as livrarias do país. Por isso ainda não é desta vez que vou falar dele.


Houve também a entrevista à Maria João Costa, da Rádio Renascença. Era eu e o Paulo Ferreira (autor do romance "Onde a Vida se Perde") e o João Paulo Cuenca. Pode ser ouvida aqui.


O meu balanço da minha primeira participação nas Correntes resume-se numa palavra. Disse-a entre os agradecimentos que fiz no início da minha intervenção na mesa de sexta-feira. A palavra é "conforto". Durante os três dias que passei na Póvoa do Varzim, senti um enorme conforto. E este post é dedicado à Manuela Ribeiro e ao Francisco Guedes, os organizadores do festival, incansáveis, dedicados, solidários, sempre presentes, como se tivessem o poder da desmultiplicação, agora meus amigos. Agradeço-lhes por me terem convidado e pela forma animada que usaram para me receber.


Quero voltar no próximo ano, quero voltar em todos os anos, sentado a uma mesa em cima do palco ou numa cadeira entre a assistência. Desde que esteja lá, o lugar será pouco importante.