segunda-feira, 27 de junho de 2011

Viagem para o leste

O vento soprou devagar nas últimas semanas, mas ainda assim acabou por afastar a névoa que pairava sobre o meu pulmão. E em plena convalescença começo a fazer as malas. Amanhã cedo - demasiado cedo, por sinal - sigo para a Sérvia, para o Festival do Conto de Kikinda.

Estive na Sérvia na Primavera de 2004. Viajava sozinho pelos Balcãs. Apanhei o comboio em Zagreb, viajei toda a noite, dormindo estendido num banco e cheguei a Belgrado às primeiras horas da manhã. Estive 4 dias em Belgrado. Havia um sol quente por cima da cidade e uma luz de encantar turistas. Sentei-me nas poltronas das esplanadas, percorri as longas avenidas, estive um par de horas a olhar para a extensão de água que é o lugar onde o Danúbio e o Sava se unem, visitei as igrejas, os museus, a solitária campa do Tito . Inesperadamente, senti-me em casa - não na campa do Tito, mas na cidade em geral. Depois, apanhei outro comboio que me levou para sul, para a Bulgária.

Agora vou regressar e sinto as memórias estremecerem. Não conheço Kikinda. Sei que fica no Norte da Sérvia, perto da fronteira com a Roménia. Sei que, ao longo da próxima semana, escritores de toda a Europa estarão ali para ler contos, palavras escritas e ditas em diferentes línguas. E sei que, depois dos próximos dias, essa cidade será também uma memória em mim.

Se por acaso alguém andar pela Sérvia esta semana, vou estar a ler contos de HISTÓRIAS POSSÍVEIS, na sexta-feira em Kikinda e no sábado em Belgrado.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

E-book + nevoeiro no peito + Porto + 33

Antes de mais, fica aqui o convinte para aparecerem hoje à noite no Chapitô para uma conversa sobre o e-book, no âmbito do ciclo Para Acabar de Vez com a Leitura. Sou eu, o Carlos da Veiga Ferreira, o José Mário Silva, o Miguel Miranda, o João Tordo (embora o nome dele não apareça no cartaz) e o Nuno Seabra Lopes. A moderação é da Eurídice Gomes.



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A tosse não passa. Ontem, numa nova radiografia ao tórax descobri que há neblina branca e esfiapada sobre o meu pulmão direito, como se fosse manhã cedo dentro do meu peito e o sol ainda não tivesse subido. Não parece mau tempo, tem aspecto de clima ameno, mas a tosse violenta que me provoca é de temporal.

Para os mais atentos: sim, é ainda o mesmo temporal que me assaltou há um mês atrás. O vento não tem soprado com a força necessária para levar com ele as nuvens.

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Estive dois dias no Porto para a Feira do Livro. Primeiro no debate sobre Novos Autores Portugueses. A conversa foi óptima, mas quase poderia ter acontecido ali como no restaurante onde jantámos antes. Porque havia pouco mais de dez pessoas na assistência. E eu sei que estávamos a falar de coisas habitualmente chatas como são os livros e os escritores, e que era nove e meia da noite de uma sexta-feira, e que a dimensão da Feira do Livro do Porto é consideravelmente menor em relação à de Lisboa, e que nenhum dos convidados sentados à mesa era uma mega-estrela da literatura nacional. Mas, ainda assim, alguma coisa está a falhar. Tenho a certeza de que há mais gente no Porto e arredores interessada em assistir a uma conversa deste tipo. No entanto, por algum motivo obscuro, a mensagem não chegou a essas pessoas. E o problema não é só do Porto. Tem-me acontecido, de vez em quando, um pouco por todo o lado, mesmo fora de fronteiras.

No sábado houve autógrafos e conversa com amigos do Porto, escritores, editores, jornalistas e simples civis.

E também boa comida e óptimo tempo.

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Ontem, no mesmo dia em que fiz a radiografia, fiz anos. Não me senti um ano mais velho, senti-me um ano com mais tosse.

Aproveito para agradecer todas as mensagens no facebook, e-mails, sms, telefonemas. É muito bom estar assim rodeado de amigos.

Quero partilhar duas mensagens que recebi. Uma do Paulo Freixinho, esse fanático inveterado das palavras cruzadas portuguesas, que me ofereceu este retrato.



E uma mensagem encriptada do Carlos da Cruz Luna:

SNÉBARAP!!!!!!!!!!!!

muito apropriada, claro, mas apenas perceptível para quem leu DEIXEM FALAR AS PEDRAS. Aliás, em breve quero escrever aqui sobre essas duas páginas do romance.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

2 dias de Porto

O programa para os próximos dias passa para a Feira do Livro do Porto.

Amanhã, sexta-feira, dia 10, às 21:30, vou participar no debate FICÇÃO PORTUGUESA: 4 DA NOVÍSSIMA VAGA, um tema que, ao que parece, é uma tendência desta estação. Os outros participantes são o Pedro Vieira, o Paulo Ferreira e o António Figueira. A moderação caberá ao Tito Couto.

Depois, no sábado, dia 11, a partir das 15:00 podem encontrar-me no espaço da Leya, para autógrafos e conversa.

Apareçam e cheguem-se, por favor não fiquem a olhar-me à distância, o tempo em que eu mordia já lá vai.

Entre estas actividades conto estar presente em almoçaradas, jantaradas e outras animações. Espero encontrar amigos que não vejo há algum tempo.

É a primeira vez que vou estar na Feira do Livro do Porto. Até hoje nunca se tinha proporcionado. E fico feliz, claro.