terça-feira, 31 de maio de 2011

Cata Livros + Comunidade de Leitores + Imprensa

Vou tentar lembrar-me de tudo.

Antes de mais, está finalmente operacional o site Cata Livros. O projecto é uma pareceria entre a Casa da Leitura e a Fundação Calouste Gulbenkian e disponibiliza uma série de livros em diferentes formatos. Entre leituras em voz alta, entrevista com autores, animações a partir de livros e outras actividades, é possível folhear as primeiras páginas de O TUBARÃO NA BANHEIRA e de OS QUATRO COMANDANTES DA CAMA VOADORA. Se quiserem tentar chegar lá sozinhos sem se perderem, na página inicial do Cata Livros, cliquem na janela desenhada num papel, depois, para a Cama Voadora, cliquem no avião de papel e, para o Tubarão, no barco de piratas de papel.

...

Um comentário à conversa sobre DEIXEM FALAR AS PEDRAS na Comunidade de Leitores da Almedina. Muitos tinham lido o livro, alguns, entre perguntas e opiniões, disseram-me que tinham gostado. E eu fiquei feliz. Mas fiquei mais feliz quando vários membro da comunidade se puseram a discutir, com algum fervor à causa, se a família do meu livro é ou não uma família desestruturada. Não houve consenso. E isso é muito bom quando se trata de um romance.

...

Deixo aqui a ligação para a (muito elogiosa) crítica a DEIXEM FALAR AS PEDRAS que o António Pedro Vasconcelos escreveu na sua crónica semanal no jornal Sol.

Há uma outra crítica a DEIXEM FALAR AS PEDRAS na edição de Junho da revista Blitz, pelo João Bonifácio.

No Atual desta semana, há crítica a A MALA ASSOMBRADA, pela Sara Figueiredo Costa.

As palavras e os números

Não foram as palavras que se esgotaram. Antes pelo contrário: as palavras acumulam-se em encadeamentos distintos e paralelos. Foi o tempo, claro. Não só o tempo dos relógios, mas também o tempo na cabeça, que se estreitou muito por causa das aglomerações de palavras. Fica, como explicação, um (micro-)conto sobre matemática:

Éramos três cá em casa. Agora somos quatro.

A diferença - 1 - é enorme, é o espaço todo, é uma vida inteira, são todas as palavras e o próprio significado das palavras, que se alterou e expandiu.

(A emissão segue já de seguida.)

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Uma semana em jeito de relato

A semana passou mais calma que as últimas. E eu sabia que andava a precisar muito disto, mas não sabia que precisava tanto.

Ainda assim saí de casa na terça-feira e fui à livraria Barata para assistir à leitura de A MALA ASSOMBRADA pelos alunos do 3ºD da EB1 do Bairro de São Miguel. E gostei tanto. O livro a saltar de mãos, os ritmos diferentes da leitura, as pessoas que assistiam a sorrir. Já li o livro em voz alta muitas vezes e começo a ficar viciado em certos tiques de leitura e num tom que me sai por instinto. Foi muito bom ouvir a história noutras vozes, quase como se fosse outra história.

E no final houve autógrafos. Aqui fica o registo desse momento.


...

Para quem não deu conta (e acredito que muitos não tenham dado conta), a minha semana passada foi muito televisiva.

Duas vezes na TVI24, em dias seguidos (eu sei, é absurdo). Primeiro no Nada de Cultura, do Francisco José Viegas, com a Patrícia Reis, o Paulo Ferreira e o António Fiqueira, à conversa sobre contar histórias. Depois no Livraria Ideal, do João Paulo Sacadura, a falar sobre DEIXEM FALAR AS PEDRAS e A MALA ASSOMBRADA.

E ainda no Ah, a Literatura!, do Canal Q, da Catarina Homem Marques e do Pedro Vieira, filmado na Feira do Livro de Lisboa, num dia de sol e calor, e vim de lá a pensar que todos os programas na televisão deveriam ter a sua própria barraca de farturas porque os convidados, por mais ilustres, pareceriam mais pessoas com os dedos engordurados e a boca cheia de açúcar.

No jornal Público do último sábado, a Rita Pimenta critica assim A MALA ASSOMBRADA:

Dois irmãos. Um medroso (o mais velho) e um destemido. O primeiro quer assustar o segundo e inventa um fantasma fechado numa mala que encontrou em cima do muro de um casarão. O plano sai-lhe ao contrário. O irmão mais novo não só abre a mala, como o convence de que o fantasma, agora à solta, o persegue por toda a casa. Chega até a entrar nos canos. “Se estiveres calado, consegues ouvir os barulhos que o fantasma faz dentro das paredes.” Não é apenas uma história sobre os medos, invocando o sobrenatural (grato aos pequenos leitores), é também sobre a cumplicidade, a competição e a brincadeira entre irmãos. David Machado criou uma bela história. O talento de João M. P. Lemos consegue brilhar mesmo nas ilustrações mais sombrias… e as imagens vão bastante além da narrativa. Um aplauso especial para as páginas de fundo (quase sempre) escuro, cujos elementos surgem apenas em contorno. Sintetizam de forma exemplar as ideias a transmitir.

E o texto da Rita Pimenta deixa-me muito contente, sobretudo pelos piropos ao trabalho do João Lemos.

Por outro lado, parece que na edição de hoje do Sol, o António Pedro Vasconcelos escreve na sua coluna sobre DEIXEM FALAR AS PEDRAS. Ainda não li. Mas disseram-me que ia gostar.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Estes dias

Estes dias têm o mesmo sabor intenso da última semana de aulas. O calor ajuda.

Hoje estive em Salvaterra de Magos para falar com alunos de esolas do concelho. Fiz três sessões. Foram as últimas sessões que fiz este ano (lectivo). Li A MALA ASSOMBRADA. Os miúdos disseram-me que não lhes meteu medo. Mesmo assim tinha esperança de que numa madrugada destas acordem com um pesadelo. Disse-lhes isso. Eles responderam que um pesadelo com A MALA ASSOMBRADA seria um bom pesadelo. Eu sorri.

E faltam dois dias para terminar a Feira do Livro de Lisboa. Amanhã, sábado, 14 de Abril, às 17:00, na praceta da Editorial Presença, há teatro a partir de A MALA ASSOMBRADA pelo Espaço Cativar. Depois, eu e o João Lemos vamos estar disponíveis para autógrafos e conversa.

Antes, às 16:00, conto estar na Praça Verde da Feira para o lançamento do novo projecto do meu estimado amigo e ilustrador de O TUBARÃO NA BANHEIRA, Paulo Galindro. Na verdade, são dois novos livros - Sabes que também podes ralhar com os teus pais? e Sabes onde é que os teus pais se conheceram?. Os textos são da Maria Inês de Almeida. Na editora Booksmile. E isto faz-me lembrar a promessa que fiz a mim próprio há coisa de dois anos: arranco um dente se não volto a trabalhar com o Paulo Galindro.

Segunda-feira dou a última aula da oficina de escrita de livro infantil na Escrever Escrever. A próxima oficina será só em Outubro.

Depois, para além de uma ou outra apresentação de livros e autógrafos, vou sair de cena. Há outras prioridades que se impõem. As palavras vão ter que esperar, embora haja dois livros para terminar. Espero que o verão seja longo, que o tempo me permita espaço para tudo. Espero conseguir continuar a aparecer por aqui sempre que me apeteça aparecer por aqui.

Isto não é uma despedida, claro. A última semana de aulas nunca era exactamente uma despedida.

terça-feira, 10 de maio de 2011

As engrenagens

Vamos por partes.

Primeiro, sobrevivi exausto a um fim-de-semana muito simpático na Feira do Livro de Lisboa. No sábado, sentado no centro do turbilhão da Praça Leya, comecei a perceber que a engrenagem do dito boca-a-boca já está em movimento à volta de DEIXEM FALAR AS PEDRAS. Fico feliz, claro.

No domingo, houve teatro a partir de A MALA ASSOMBRADA para a criançada e o Espaço Cativar, à semelhança daquilo que tinha acontecido com O TUBARÃO NA BANHERA no ano passado, fez um trabalho notável na adaptação do livro.

Também no domingo, ao final da tarde, houve debate no Auditório da Feira sobre as escolhas dos melhores livros de ficção do último ano. (Para quem ainda não deu conta: há debates todas as tardes no Auditório da Feira.) A conversa (que não chegou ser conversa) era entre mim e o Manuel Alberto Valente (editor da Porto Editora), o Luís Ricardo Duarte (jornalista e crítico do Jornal de Letras) e o Sérgio Lavos (livreiro da Bulhosa de Campo de Ourique), moderado pelo José Mário Silva (crítico e jornalista do Expresso). Eu levei comigo livros de contos e tentei apresentá-los como se fossem diamantes que descobri por acaso entre a papelada dos romances. Aqui ficam os títulos (numa ordem ao acaso):

- Pássaros na boca, de Samantha Schewblin, Cavalo de Ferro;

- Um repentino pensamento libertador, de Kjell Askildsen, Ahab,

- Contos dos subúrbios, de Shaun Tan, Contraponto;

- Os objectos chamam-nos, Juan José Millás, Planeta;

- Break it down - Demolição, Lydia Davis, Ulisseia.

...

E na imprensa (essa outra engrenagem)...

No sábado, no jornal I, houve entrevista comigo sobre o meu método de escrita. E eu esqueci-me de comprar o jornal e ainda não vi aquele que me guardaram.

Já está disponível no youtube o programa Ler Mais Ler Melhor (da RTPN, apresentado pela Teresa Sampaio) sobre DEIXEM FALAR AS PEDRAS. Podem ver aqui.

No blog Novos Livros, a secção 3 Perguntas a é sobre DEIXEM FALAR AS PEDRAS. Espreitem.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Eu na Feira do Livro:

- Sábado, dia 7, às 15:00 - autógrafos na Praça LeYa;

- Domingo, dia 8, às 15:00 - autógrafos e teatro de A MALA ASSOMBRADA, no espaço da Presença;

- Domingo, dia 7, às 17:30 - debate sobre Os Melhores Livros do Ano, com Manuel Alberto Valente (editor da Porto Editora), Ricardo Duarte (jornalista e crítico do Jornal de Letras) e Sérgio Lavos (livreiro da livraria Bulhosa) e moderação de José Mário Silva, no Auditório da Feira.

Apareçam.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ponto de situação

Pausa na escrita (sim, parece incrível mas estou a escrever) para fazer um ponto de situação.

Hoje, na Livraria Almedina do Atrium Saldanha, a Comunidade de Leitores orientada pela Filipa Melo vai trabalhar o DEIXEM FALAR AS PEDRAS. Depois, no dia 25 eu próprio estarei presente para conversar com os participantes da comunidade sobre o meu livro e também sobre o livro de contos Pássaros na Boca, de Samantha Schewblin (leitura paralela sugerida por mim).

...

Amanhã de manhã vou estar no Colégio do Sagrado Coração de Maria, em Lisboa, para conversas com os alunos sobre escrita e livros. E tenho o estômago cheio de minhocas, claro, porque foi neste colégio que fiz o liceu e é muito bom regressar, mas também é assustador e estranho.

...

Entretanto, na página do Ipsilon ficou disponível a crítica ao DEIXEM FALAR AS PEDRAS do dia 29 de Abril.

E há uma nova crítica ao livro na revista Os Meus Livros deste mês.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Recapitulando

Eu queria ter escrito antes, mas os dias andam apertados demais. Hoje não é excepção, mas acabei de chegar a casa e descobri que tenho um par de horas para gastar. De modo que aqui vai, em jeito de recapitulação.

A semana passada estive dois dias em Viana do Castelo, a convite da Biblioteca Muncipal, para a 2ª dos Contornos da Palavra, um festival literário que vai crescer. Este ano, o tema era Literatura de Viagens. No primeiro dia orientei duas oficinas de escrita criativa. Não estava seguro em relação a esta actividade, sobretudo porque se tratavam de alunos entre os 16 e os 18 anos e todos as oficinas que fiz até hoje foram com adultos. E depois as minhas preocupações cairam por terra assim que começámos os exercícios. Porque a imaginação deles é ampla e ao mesmo tempo controlada e a forma como usam as palavras é verdadeiramente eficaz, as frases apresentam múltiplas leituras e imagens poderosas, e sabem assimilar nas suas intenções as sugestões que recebem. Quero fazer isto mais vezes.

No segundo dia em Viana, falei com alunos do 9º ano de três escolas diferentes sobre literatura e viagens e li algumas páginas de DEIXEM FALAR AS PEDRAS. E tenho a sensação de que o gozo que me dá ler este livro para adolescentes nunca vai esmorecer.

...

Na passada sexta-feira foi publicado no Ipsilon, o suplemento de cultura do Público, um artigo de várias páginas sobre a nova geração de narradores portugueses na literatura e eu entre eles. Não me atrevo sequer a considerar a hipótese de que a minha fotografia na capa me coloque mais à frente que os restantes autores citados no artigo. E não quero passar a ideia de que a literatura que não encontra traves mestras na narrativa está condenada a desabar. A literatura de ficção, para minha enorme felicidade, é muitas coisas diferentes e para mim a narrativa é muitas vezes o mais importante, mas apenas enquanto autor. O leitor que sou quer percorrer mais caminhos para além desse.

Sobretudo, como noutras ocasiões semelhantes, fico feliz pelo interesse e confiança no meu trabalho e pelo apoio que recebi.

No mesmo Ipsilon vem uma crítica do João Bonifácio a DEIXEM FALAR AS PEDRAS. Assim que estiver disponível deixo aqui a ligação.

...

Ontem, Feira do Livro, sessão de autógrafos na praça Leya. Não foi exactamente sessão de autógrafos porque dois autógrafos não é uma sessão de autógrafos. Mas estava a chover e era apenas o primeiro fim-de-semana da feira e há a questão da crise e as pessoas (eu incluído) deixam as compras para a happy-hour. Foi, ainda assim, uma tarde bem passada, à conversa com editores, autores, jornalistas e leitores que pararam na mesa onde estava sentado.




E consegui apanhar o final do debate no auditório da feira sobre o balanço editorial do ano na literatura infantil, moderado pela Sara Figueiredo Costa. E ainda bem porque estavam a debater-se coisas importantes, se é que nisto da literatura há coisas importantes.

...

Hoje de manhã estive na Escola Alemã do Estoril a falar com alunos do primeiro ciclo sobre livros e imaginação. Isto é, eu falava e em simultâneo alguns alunos traduziam o que eu dizia para alemão para aqueles que não compreendem português. E como noutras ocasiões em que precisei de intérprete fiquei com vontade de ter sempre um a acompanhar-me. Porque o pensamento ganha um outro ritmo, mais lento, mais atento, mais exacto.

...

E já está: esgotou-se o meu par de horas livres.