segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

"Acho que posso ajudar"

A história é esta: no último Julho ligaram-me a pedir que escrevesse um conto infantil para uma colecção de livros de digitais que o Diário de Notícias iria publicar. Eu respondi a verdade: não tinha vontade de escrever um conto infantil. Havia várias razões para isso, mas a mais forte era a falta de ideias e de tempo para desenvolvê-las nos dois meses que me davam até à data de entrega do trabalho. À excepção do meu primeiro livro, A Noite dos Animais Inventados, todos os outros partiram de ideias que arrastei na cabeça, ensaiando narrativas alternativas, diferentes finais, durante meses, em dois casos mais de um ano. Parecia-me impossível fazê-lo num par de meses, ainda para mais com as férias de Agosto pelo meio.

Não sei de onde chegou a primeira ideia, como habitualmente sucede com as primeiras ideias, mas ela apareceu sem grande esforço. Trabalhei a história e a personagem na cabeça durante as duas semanas que passámos no Algarve. Depois, escrevi a primeira parte durante os cinco dias que estive no Minho, entre as pausas da música da festa da aldeia. No final de Agosto, em Beja, durante as Palavras Andarilhas, tive a ideia para a segunda parte da história. E quando cheguei a casa, na semana seguinte, escrevi o resto do conto.

Entretanto, algumas semanas antes, tinha estado em Óbidos, na livraria Histórias com Bichos, com a minha amiga Mafalda Milhões e perguntei-lhe se gostaria de ilustrar o conto que andava a escrever. Há muito tempo que tinha vontade de trabalhar com a Mafalda e pareceu-me a altura e a história certas. Ela aceitou e fez duas ilustrações para o texto (por enquanto, nesta versão digital, são apenas duas) que eu adoro.


O conto chama-se "Acho que posso ajudar" e foi publicado na semana passada na colecção Biblioteca Digital do Diário de Notícias (na qual estão disponíveis vários contos inéditos de autores portugueses).

Podem encontrá-lo aqui.

Primeiro terão de se registar no site do DN e depois fazer o download GRATUITO do conto. Na versão Epub, para Ipad e para Iphone, as ilustrações são animadas.

Quero muito que o leiam e o partilhem. E espero que gostem.


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O Gatuno vai ao Porto

Um post curto, só para dizer que este sábado, 10 de Novembro, vou estar na Book House do Arrábida Shopping a apresentar o livro "O Gatuno e o extraterrestre trombudo", da Maria João Lopes e do Paulo Galindro. Apareçam. Levem a criançada.


terça-feira, 28 de agosto de 2012

Próxima paragem: Beja

No próximo fim de semana, em Beja, há Palavras Andarilhas. Nunca estive neste festival e há muito tempo que queria ir e agora vou e participo em duas actividades. Na sexta-feira, 31 de Agosto, às 11:00, vou estar à conversa com a Margarida Fonseca Santos e o Vergílio Alberto Vieira, com moderação de Rosário Alçada Araújo. Depois, no sábado, 1 de Setembro, às 18:00, vou ler, pela primeira vez em público, o meu novo conto para crianças "A CIDADE NAS ÁRVORES".

Estou entusiasmado, sobretudo com a leitura do conto. Escrevi-o no início deste ano, mas por percalços editoriais o projecto atrasou-se. Agora a coisa parece reencaminhada, mas não vou dizer mais nada para já. Se tudo correr bem, poderão lê-lo lá para a próxima Primavera. Claro que se quiserem ouvi-lo, basta passar por Beja no sábado.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

O meu tempo

Estou há duas semanas em digressão. Estive dois em Chaves a falar com os alunos das escolas da cidade. Daí segui, para Viana do Castelo, onde estive mais dois dias, no âmbito do Festival Contornos da Palavra. Fui a casa um dia para descansar e depois fui à Sertã para a Convenção Anual de Bookcrossing. Mais dois dias de descanso. Depois passei uma manhã na Escola São João de Deus em Lisboa. Feriado. Ontem estive o dia todo na Biblioteca Municipal das Caldas da Rainha. Hoje estou na Biblioteca Municipal de Abrantes. O conta-quilómetros do meu carro marca 2100km e ainda falta a viagem de regresso a Lisboa hoje ao final da tarde. Pelas minhas contas, nos últimos 10 dias, Falei para 1500 alunos e assinei cerca de 400 livros. Amanhã descanso. Domingo, se a chuva permitir, estarei na Feira do Livro de Lisboa, na Praça Leya, para rabiscar livros, para conversar, para ver amigos que não vejo há muito tempo. Mas a partir de segunda-feira, o meu tempo é outra vez só meu. Vou estar em casa, quieto e a conviver com o silêncio, que é um atributo do nosso mundo que eu prezo muito. Vou ler. Vou publicar um texto neste blog. Vou cozinhar um risotto de espargos e cogumelos e vou comê-lo sem pressas. Vou semear ervas de cheiro. Vou brincar com legos. E vou escrever - tenho tantas saudades de escrever.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Conto, micro-conto, folha de sala, conto infantil

Os intervalos entre a escrita de livros são sempre estranhos. Há alívio, claro, por ver terminado o romance no qual trabalhei durante tantos meses; é bom acordar de manhã e não ter mais aquelas personagens e os seus destinos na cabeça. Mas também há um desconforto que nasce nas mãos, que depois sobe pelos braços e que a cada novo dia ocupa mais espaço de pele, até se tornar pânico; porque parece que nunca mais saberei escrever um romance, montar uma narrativa, criar personagens, dar-lhes destinos.

Porém, desta vez, precavi-me, consegui deixar para estes meses vários textos que me tinham pedido, mantive as mãos e a cabeça ocupadas.

Escrevi o conto para a próxima edição da revista Egoísta, do qual já falei aqui. A revista estará à venda este mês.

Escrevi um micro-conto para o Histórias Daninhas, um site de micro-narrativas criado pelo Guilherme Pires e pelo João Afonso. Todas as semanas, o Guilherme e o João publicam contos às segundas e quintas-feiras. De vez em quando têm convidados. Esta semana é a minha vez. O título do meu conto é “O passeio”. Começa assim:

Ela olha para o filho: pela primeira vez em muito tempo ele não parece prestes a cair por terra com o peso que o mundo exerce na débil estrutura dos seus treze anos. Ela sente o impulso do alívio. Está convencida de que ele se afundou ainda mais depois de se terem mudado para uma aldeia no meio do nada e qualquer sinal de ânimo lhe serve para afastar a culpa.
Há nuvens negras no céu e o ar está duro do frio. Ainda assim ela diz: O cão não aparece há dois dias. Vamos procurá-lo. Embora não esteja mesmo preocupada com o cão. Quer apenas gozar aquele momento de alento do filho, talvez prolongá-lo. Sem hesitar, ele aceita. A felicidade no corpo dela é quase uma dor, ela quer abraçá-lo mas sabe que isso poderia estragar tudo.


Podem continuar a ler aqui.

Escrevi também o texto da folha de sala para a exposição Contemp, do João Pedro Lomelino, na Galeria Diferença. Conheço o João há vários anos, somos amigos e nas paredes cá de casa há quadros seus. Além disso, é ele o autor da capa do meu livro de contos “Histórias Possíveis”. Podem espreitar o portfólio do João aqui. A exposição está em exibição até ao final de Março. Vão lá.


Por último, escrevi um novo conto para crianças. E quero muito falar sobre isso, claro. Mas não vou fazê-lo agora, ainda não é esse momento.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Algum sossego

Há muito tempo que não tinha dias tão sossegados. O trabalho sobre o romance está parado, embora o livro não esteja terminado. Há pessoas que vão lê-lo. Confio nessas pessoas e as suas avaliações são importantes para mim. Resta-me esperar.

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Entretanto, no último mês, escrevi um conto para a revista Egoísta. O título é: História de um Sorriso. Não sei ainda quando será publicado. Fico, sobretudo, curioso para ver a edição. A Egoísta é uma revista diferente de tudo, pela qualidade do grafismo, pela selecção dos autores e dos textos, pela força que exerce numa prateleira. Há muito tempo que queria escrever qualquer coisa para a Egoísta e fiquei contente com o convite da Patrícia Reis. Obrigado, Patrícia.

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Há duas semanas estive no Colégio do Sagrado Coração de Maria (onde estudei 8 anos), pela segunda vez em menos de um ano. Desta vez, falei com alunos do 10º e 11º anos. Com adolescentes nunca é fácil. Ou melhor: não era habitual ser fácil. Porque agora tenho o Deixem Falar as Pedras, escrito na voz de um rapaz de 14 anos. E não tenho de fazer mais do que ler as primeiras páginas para encher de silêncio uma sala de 150 adolescentes. Levanto os olhos do livro no final das frases e percebo que eles percebem, eles sabem do que estou a falar, eles encontram-se nas palavras que escrevi. É uma sensação incrível.

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E por falar em escolas, sinto que nas últimas semanas passo os dias a responder a convites de escolas e bibliotecas,livrarias, comunidades de leitores, tentando organizar o calendário de forma a que me restem dias para escrever o que quero escrever nos próximos tempos. Podem espreitar a Agenda no cimo da página. Ainda não está lá tudo, há 7ou 8 datas à espera de confirmação. Mas já dá para perceber que os próximos meses vão ser intensos.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Estes meses de silêncio

Eu sei. Faz muito tempo que não escrevo aqui. Salva-me a única desculpa credível de que estive a escrever um livro. Não quero falar muito sobre isso agora. Está escrito mas não está terminado. Neste momento tem 246 páginas e 22 capítulos. É um romance. Não é um romance como os meus outros romances. É um romance de fantasia. Há muito tempo que queria escrever esta história, a ideia original tem 4 ou 5 anos. E eu leio muitos romances de fantasia. E no fundo é essa a razão que me leva a escrever qualquer texto de ficção: eu escrevo o livro que gostaria de ler. Não há uma data de publicação, mas espero que seja brevemente. E não quero dizer mais.

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Nos últimos dois meses, apareceram algumas coisas sobre mim na imprensa, embora eu não publique um livro há mais de meio ano. Aqui vai.

No início de Dezembro, no suplemento anual da Visão, Visão Gourmet, há um artigo sobre a minha última ceia. Gostei muito dessa entrevista (orientada pela Sara Belo Luís), porque comer bem e cozinhar começam a tornar-se obsessões e reflectir sobre a minha última ceia antes de morrer ajudou-me a perceber que uma refeição só é completa quando existem mais pessoas sentadas à mesa. Toda a refeição que apresentei é, na verdade, composta por pratos da minha mãe e das minhas avós que eram frequentes na minha infância, quando havia sempre outras pessoas sentadas à mesa. Se não se cruzaram com esse artigo, vocês é que ficaram a perder, porque foi publicado acompanhado pela receita do Pudim de Ovos da minha avó Ilda.

Na última semana do ano, a Time Out fez uma reportagem sobre 11 pessoas com quem gostariam de jantar em 2012. Eu sou uma dessas 11. E fico feliz por me escolherem, pela confiança no meu trabalho, por me juntarem a todos aqueles nomes tão proeminentes.



No número 6 da revista Fonte, do Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes, a Maria Manuela Maldonado assina um ensaio/crítica sobre o Fabuloso Teatro do Gigante e sobre o Histórias Possíveis que gostei tanto de ler, pela atenção dada a alguns detalhes que foram importantes para mim quando escrevi esses livros. Mas gostei sobretudo de ler a carta tão bonita que me enviou, na qual fala sobre o Deixem Falar as Pedras, numa análise tão atenta e cuidada, e me dá a sua força para continuar a escrever. Obrigado, Maria Manuela. (Ainda não lhe respondi, mas vou fazê-lo, claro.)



E no Bibliotecário de Babel, o José Mário Silva incluiu o Deixem Falar as Pedras na lista do melhores livros de ficção de 2011. Aqui.

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Não é tudo. Dois meses não se resumem a apenas isto. Há mais, mas agora não há tempo para tanto. Prometo mais regularidade.

E um Bom Ano a todos.