O mundo inteiro parece estranhamente sereno. O silêncio - de que eu tanto gosto - é demasiado agudo, faltam-lhe as vozes e os pensamentos e o ruído que muitos livros juntos fazem ao serem folheados ao mesmo tempo. Deve ser o que sucede sempre que se regressa das Correntes d'Escritas.
Foi bom estar com amigos. Foi bom fazer novos amigos. Houve algum trabalho que não pareceu trabalho e noites longas que pareceram curtas. As intervenções nas mesas das sessões a que assisti foram quase sempre interessantes, algumas inspiradoras, embora eu não acredite na inspiração.
A minha prestação na mesa com o tema "A obra que faço é minha" correu muito bem mas foi, ao contrário do que o público presente possa ter pensado, atribulada. Na noite anterior tinha bebido uma cerveja a mais do que aquilo que talvez seja a minha conta certa e dormi cerca de quatro horas (do meu companheiro de quarto, um tal de João Tordo, vou apenas referir que, quando se foi deitar meia hora depois de mim, se esqueceu de fechar a porta do quarto). Acordei perto das oito da manhã em piloto automático, mais de uma hora antes da hora programada para o despertador do telemóvel tocar. Levantei-me. E não voltei a parar. Até ao fim do dia não consegui um único par de horas seguido para uma sesta. Estive na EB 2/3 Cego do Maio durante a manhã.Depois assisti ao lançamento dos novos romances do João Paulo Cuenca (um novo amigo) e do João Paulo Borges Coelho. Depois almoço. Depois assisti à mesa das 15.00. De modo que às 17.30, quando começou a minha mesa, o meu estado físico era como entende: dor de cabeça, sono e um cansaço que me pesava sobre o corpo todo. E como se isso não bastasse, ainda não estava a falar há trinta segundos quando senti os nervos estremecerem entre os ossos e a voz. Não me costuma acontecer. Pousei o papel onde levava a minha apresentação escrita, porque a mão me tremia e os olhos não conseguiam focar as linhas. Não me engasguei e não me enganei. Disse tudo o que tinha pensado dizer. As pessoas riram nas partes em que eu imaginei que se iriam rir, ficaram em silêncio, a escutar, nas outras. Tanto quanto sei, ninguém deu conta do meu sono, da dor de cabeça e dos nervos. No final houve aplausos, senti alívio, algumas pessoas vieram falar comigo, deram-me os parabéns, duas pediram-me o papel com o texto da minha apresentação. Não dei o papel, mas prometi que publicaria o texto neste blog, porque eu também gosto muito do que escrevi, e nos próximos dias isso vai acontecer.
Mas para mim, o melhor destas Correntes foi, claro, apresentar o meu novo romance. DEIXEM FALAR AS PEDRAS esteve à venda durante cinco dias apenas na livraria do festival, as pessoas puderam conhecer-lhe as formas, pegar nele, sentir os relevos da capa, folheá-lo, ler um par de parágrafos. Algumas compraram-no, talvez o estejam a ler neste momento, este pensamento deixa-me feliz. Dei alguns autógrafos, não ia preparado para isso, não tinha pensado nas dedicatórias que quero escrever na primeira página deste livro, espero não ter escrito disparates. O livro volta a esconder-se durante as próximas semanas e só estará de novo à venda dia 21 de Março, desta vez em todas as livrarias do país. Por isso ainda não é desta vez que vou falar dele.
Houve também a entrevista à Maria João Costa, da Rádio Renascença. Era eu e o Paulo Ferreira (autor do romance "Onde a Vida se Perde") e o João Paulo Cuenca. Pode ser ouvida aqui.
O meu balanço da minha primeira participação nas Correntes resume-se numa palavra. Disse-a entre os agradecimentos que fiz no início da minha intervenção na mesa de sexta-feira. A palavra é "conforto". Durante os três dias que passei na Póvoa do Varzim, senti um enorme conforto. E este post é dedicado à Manuela Ribeiro e ao Francisco Guedes, os organizadores do festival, incansáveis, dedicados, solidários, sempre presentes, como se tivessem o poder da desmultiplicação, agora meus amigos. Agradeço-lhes por me terem convidado e pela forma animada que usaram para me receber.
Quero voltar no próximo ano, quero voltar em todos os anos, sentado a uma mesa em cima do palco ou numa cadeira entre a assistência. Desde que esteja lá, o lugar será pouco importante.
domingo, 27 de fevereiro de 2011
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Neste capítulo, eu conto o que vou fazer nas Correntes
O meu programa de festividades para as Correntes d'Escritas é o que se segue.
Hoje, 24 de Fevereiro,
às 17:00, vou apresentar pela primeira vez o meu romance DEIXEM FALAR AS PEDRAS, na Casa da Juventude.
Amanhã, 25 de Fevereiro,
às 10:30, vou estar com o José Jorge Letria na EB 2/3 Cego do Maio numa conversa à volta do verso "Procuro a palavra";
às 17:30, vou estar numa mesa com o Álvaro Magalhães, o Francisco Duarte Mangas, o José Jorge Letria, o João Manuel Ribeiro e o Vergílio Alberto Vieira, moderada pelo Ivo Machado, numa conversa à volta do verso "A obra que faço é minha";
à noite (ainda não sei horas) vou estar numa conversa (ainda não sei com quem) sobre novos autores portugueses, conduzida pela Maria João Costa, em directo para a Rádio Renascença.
É possível que se metam outros compromissos pelo caminho. Vou estar atento.
Entretanto, a mala está feita - estará feita durante as próximas semanas.
Hoje, 24 de Fevereiro,
às 17:00, vou apresentar pela primeira vez o meu romance DEIXEM FALAR AS PEDRAS, na Casa da Juventude.
Amanhã, 25 de Fevereiro,
às 10:30, vou estar com o José Jorge Letria na EB 2/3 Cego do Maio numa conversa à volta do verso "Procuro a palavra";
às 17:30, vou estar numa mesa com o Álvaro Magalhães, o Francisco Duarte Mangas, o José Jorge Letria, o João Manuel Ribeiro e o Vergílio Alberto Vieira, moderada pelo Ivo Machado, numa conversa à volta do verso "A obra que faço é minha";
à noite (ainda não sei horas) vou estar numa conversa (ainda não sei com quem) sobre novos autores portugueses, conduzida pela Maria João Costa, em directo para a Rádio Renascença.
É possível que se metam outros compromissos pelo caminho. Vou estar atento.
Entretanto, a mala está feita - estará feita durante as próximas semanas.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Os cometas
Na Primavera de 2003 eu trabalhava no Instituto Nacional de Estatística, saía quase todas as noites depois do jantar para estar com amigos e lia livros nas horas que sobravam. Não era suficiente, mas era bom. Raramente escrevia. Sempre acreditei que não é possível escrever livros sem tempo, dias, meses. Não seria justo para mim, nem para as palavras, nem para quem as lesse, embora na Primavera de 2003 eu não pensasse que alguém iria ler as minhas palavras. Depois um dia li num livro do Bukowski o Henry Chinasky dizer que queria ser escritor para poder acordar tarde todas as manhãs e eu pensei: sim, é boa ideia. E o meu pensamento continuou: não só poderia acordar tarde todas as manhãs como talvez escrever fosse suficiente. Havia muita força nesse estranho pensamento. Porém, ainda assim, existe uma questão importante, que eu prefiro deixar sem resposta, porque não vale a pena colocar hipóteses sobre o passado: na Primavera de 2003 o meu contrato de trabalho chegou ao seu ponto final mas, se isso não tivesse acontecido, será que eu teria encontrado a determinação para me afastar sozinho?
Durante duas semanas fui para a praia todos os dias. Depois o tempo dilatou-se. O tempo era longo e doía. Por isso deixei de ir à praia e comecei a escrever. Escrevi dez horas por dia durante três meses. No fim tinha um romance com 350 páginas, um mau romance, talvez o livro mais importante que escrevi até hoje, por tudo o que aprendi.
Depois escrevi outro romance, melhor do que o primeiro, mas também mau.
Depois escrevi contos, muitos contos, às vezes escrevia um conto por dia, ou melhor, às vezes escrevia um mau conto por dia.
Eu ainda queria ser como o Henry Chinasky mas acordava cedo todas as manhãs. Lia. Escrevia. Quase não saía de casa. Pensei que um dia talvez pudesse publicar livros, ganhar dinheiro com as palavras, viver a escrever dez horas por dia, sem sair de casa, até ao fim. Não sei porquê, mas eu pensava que os escritores não saíam de casa, que escreviam um livro, enviavam-no para a editora e, ao mesmo tempo que começavam a escrever o próximo, recebiam os direitos de autor. Eu achava que era uma sorte para um escritor ver outras pessoas. Eu achava que um escritor ver outro escritor era um fenómeno raro que devia ser estudado por cientistas, como se os escritores fossem planetas.
Depois o tempo passou, dias, meses, até anos. Acordei cedo todas as manhãs. Por vezes deitei-me tarde. Fiz o meu trabalho. Era bom e era suficiente. Estive milhares de horas sozinho, fechado em casa, havia muito silêncio, mas também passei muito tempo com pessoas, na rua, em festas, no metropolitano, na internet, no supermercado, e percebi que sem estar com essas pessoas escrever não teria o mesmo significado.
E estava errado, claro: os escritores não são planetas, são cometas, de vez em quando cruzam-se e avistam-se, chegam a parar para apertar as mãos, conversam, riem juntos, por vezes falam de livros, embora não dos seus, compreendem que não estão sozinhos naquilo que fazem sozinhos.
Amanhã sigo para a Póvoa do Varzim, para as Correntes d'Escritas, uma espécie de chuva de cometas.
Eu estava tão errado.
Durante duas semanas fui para a praia todos os dias. Depois o tempo dilatou-se. O tempo era longo e doía. Por isso deixei de ir à praia e comecei a escrever. Escrevi dez horas por dia durante três meses. No fim tinha um romance com 350 páginas, um mau romance, talvez o livro mais importante que escrevi até hoje, por tudo o que aprendi.
Depois escrevi outro romance, melhor do que o primeiro, mas também mau.
Depois escrevi contos, muitos contos, às vezes escrevia um conto por dia, ou melhor, às vezes escrevia um mau conto por dia.
Eu ainda queria ser como o Henry Chinasky mas acordava cedo todas as manhãs. Lia. Escrevia. Quase não saía de casa. Pensei que um dia talvez pudesse publicar livros, ganhar dinheiro com as palavras, viver a escrever dez horas por dia, sem sair de casa, até ao fim. Não sei porquê, mas eu pensava que os escritores não saíam de casa, que escreviam um livro, enviavam-no para a editora e, ao mesmo tempo que começavam a escrever o próximo, recebiam os direitos de autor. Eu achava que era uma sorte para um escritor ver outras pessoas. Eu achava que um escritor ver outro escritor era um fenómeno raro que devia ser estudado por cientistas, como se os escritores fossem planetas.
Depois o tempo passou, dias, meses, até anos. Acordei cedo todas as manhãs. Por vezes deitei-me tarde. Fiz o meu trabalho. Era bom e era suficiente. Estive milhares de horas sozinho, fechado em casa, havia muito silêncio, mas também passei muito tempo com pessoas, na rua, em festas, no metropolitano, na internet, no supermercado, e percebi que sem estar com essas pessoas escrever não teria o mesmo significado.
E estava errado, claro: os escritores não são planetas, são cometas, de vez em quando cruzam-se e avistam-se, chegam a parar para apertar as mãos, conversam, riem juntos, por vezes falam de livros, embora não dos seus, compreendem que não estão sozinhos naquilo que fazem sozinhos.
Amanhã sigo para a Póvoa do Varzim, para as Correntes d'Escritas, uma espécie de chuva de cometas.
Eu estava tão errado.
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
48 horas
Há apenas dois dias de portas abertas e já há por aí várias referências a este blogue.
No Bibliotecário de Babel
No Cadeirão Voltaire
No Jardim Assombrado
No Irmão Lúcia
No Ah, a Literatura!
No Blogtailors
E eu fico surpreendido e feliz e grato, claro.
Obrigado também a todos os que têm partilhado no facebook o link para aqui chegar e aos que já se fizeram seguidores.
No Bibliotecário de Babel
No Cadeirão Voltaire
No Jardim Assombrado
No Irmão Lúcia
No Ah, a Literatura!
No Blogtailors
E eu fico surpreendido e feliz e grato, claro.
Obrigado também a todos os que têm partilhado no facebook o link para aqui chegar e aos que já se fizeram seguidores.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
E agora sobre o novo livro para crianças
Não é nenhuma novidade. Falei do conto de raspão no blog d' O Tubarão na Banheira. E também em duas ou três entrevistas. Mas isso foi há muitos meses e entretanto muita coisa aconteceu.
O conto foi escrito. O título também: A Mala Assombrada. É, como já antes disse, a história sobre um fantasma e é para meter medo. Admito a possibilidade de não meter medo nenhum e até mesmo de produzir outras emoções não premeditadas. Seja como for, gosto tanto desta história, das personagens, das palavras, dos silêncios que existem entre as palavras.
Outra coisa que aconteceu foi esta: o conto começou a ser ilustrado. Antes de escrever qualquer palavra, quando a história era apenas uma ideia com três personagens, eu já sabia que queria que o João Lemos ilustrasse o livro. Sim, o João Lemos, o da BD, aquele que anda pela bocas do mundo pelos pretextos certos. O conto não é uma banda desenhada, mas as ideias que eu tinha na cabeça traziam de arrasto elementos desse género. De forma que eu queria um ilustrador de banda desenhada. De forma que eu queria o João Lemos. Depois o João leu o conto e gostou e disse que queria ilustrá-lo. E neste momento o trabalho está quase pronto. As ilustrações estão quase todas desenhadas, algumas já estão coloridas. É provável que, depois de o João concluir a sua parte, eu ainda faça uma revisão ao texto, para que palavras e imagens não se atropelem.
Não há certezas, mas a ideia é o livro estar na livrarias lá para Abril.
O conto foi escrito. O título também: A Mala Assombrada. É, como já antes disse, a história sobre um fantasma e é para meter medo. Admito a possibilidade de não meter medo nenhum e até mesmo de produzir outras emoções não premeditadas. Seja como for, gosto tanto desta história, das personagens, das palavras, dos silêncios que existem entre as palavras.
Outra coisa que aconteceu foi esta: o conto começou a ser ilustrado. Antes de escrever qualquer palavra, quando a história era apenas uma ideia com três personagens, eu já sabia que queria que o João Lemos ilustrasse o livro. Sim, o João Lemos, o da BD, aquele que anda pela bocas do mundo pelos pretextos certos. O conto não é uma banda desenhada, mas as ideias que eu tinha na cabeça traziam de arrasto elementos desse género. De forma que eu queria um ilustrador de banda desenhada. De forma que eu queria o João Lemos. Depois o João leu o conto e gostou e disse que queria ilustrá-lo. E neste momento o trabalho está quase pronto. As ilustrações estão quase todas desenhadas, algumas já estão coloridas. É provável que, depois de o João concluir a sua parte, eu ainda faça uma revisão ao texto, para que palavras e imagens não se atropelem.
Não há certezas, mas a ideia é o livro estar na livrarias lá para Abril.
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Mais minutos
Podia pedir mais horas, mas não vou ser tão exigente, o tempo é um ser caprichoso, é bom não incomodá-lo por tudo e por nada. Mas os dias estão a ficar muito curtos e uns minutos extra já ajudavam. Há a tradução que ando a fazer - "Os diários da motocicleta", do Che Guevara, para a editora Objectiva. Há o livro que estou a escrever há quatro meses - mas noutra altura falo sobre isso. Há o workshop de escrita de conto infantil que estou a dar na Escrever Escrever - é hoje a última aula, todos vão ler o conto em que têm trabalhado ao longo do curso e tenho a certeza de que vou ser surpreendido. E uma apresentação para preparar. E uns textos que me têm pedido para escrever.
E não me estou a queixar do trabalho. Fico feliz por ter trabalho a fazer coisas de que gosto tanto. É das horas e dos minutos que me queixo.
Só que eu sei que não me vão dar mais minutos. Antes pelo contrário: vão levar-me os poucos que me restam. Tenho duas semanas e depois vou ter de começar a espremer bem os dias. Basta espreitarem a Agenda (lá no cimo desta página) e vão perceber que no final de Fevereiro vou andar uns dias pela Póvoa, nas Correntes d'Escritas, e que em Março há uma espécie de digressão por escolas e bibliotecas de todo o país. E naquelas datas nem sequer estão incluídos dias para apresentações do novo romance, sessão de lançamento, entrevistas, etc. Nem Feiras do Livro. Nem datas em escolas e bibliotecas que estão por confirmar. Nem o novo workshop de escrita para crianças que vou dar na Escrever Escrever em Abril. E também ainda não há datas para um digressão com o meu próximo livro para crianças, publicado lá para Abril - do qual ainda pouco falei, mas só porque não houve ocasião -, mas essas datas vão aparecer.
Por isso vou passar as próximas semanas a tomar fôlego, para depois mergulhar fundo e ver se os pulmões me chegam até aos próximos minutos livres.
E não me estou a queixar do trabalho. Fico feliz por ter trabalho a fazer coisas de que gosto tanto. É das horas e dos minutos que me queixo.
Só que eu sei que não me vão dar mais minutos. Antes pelo contrário: vão levar-me os poucos que me restam. Tenho duas semanas e depois vou ter de começar a espremer bem os dias. Basta espreitarem a Agenda (lá no cimo desta página) e vão perceber que no final de Fevereiro vou andar uns dias pela Póvoa, nas Correntes d'Escritas, e que em Março há uma espécie de digressão por escolas e bibliotecas de todo o país. E naquelas datas nem sequer estão incluídos dias para apresentações do novo romance, sessão de lançamento, entrevistas, etc. Nem Feiras do Livro. Nem datas em escolas e bibliotecas que estão por confirmar. Nem o novo workshop de escrita para crianças que vou dar na Escrever Escrever em Abril. E também ainda não há datas para um digressão com o meu próximo livro para crianças, publicado lá para Abril - do qual ainda pouco falei, mas só porque não houve ocasião -, mas essas datas vão aparecer.
Por isso vou passar as próximas semanas a tomar fôlego, para depois mergulhar fundo e ver se os pulmões me chegam até aos próximos minutos livres.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
O Fim e o Início
Não tinha pensado começar isto hoje. Mas aconteceu uma coisa importante. Foi um trabalho longo, anos, muitas horas a escrever, muitas horas a pensar, muitas horas a apagar, meses à espera que as palavras se firmassem nas páginas. O tempo assumiu formas que eu desconhecia. As ideias encontraram os seus caminhos, algumas perderam-se e nunca mais foram vistas, outras chocaram de frente - o que é bom.
E agora existe um livro.
Tenho-o aqui ao meu lado, enquanto escrevo. Porque não consigo afastar-me. Ando com ele atrás há horas, desde que o fui buscar à editora. Olho para ele e reconheço-o. É meu. Não sei o que vai acontecer depois, mas por agora é meu. É o romance que escrevi. Já não é apenas palavras. Tem cheiro. Se cair no chão faz barulho. Se o deixar uns minutos ao sol o papel fica quente. Se o deixar semanas ao sol amarelece e encarquilha-se, na capa, as palavras do título - DEIXEM FALAR AS PEDRAS - apagam-se.
É uma coisa importante, claro. É, ao mesmo tempo, o fim e o início. A partir deste momento, muitas outras coisas vão acontecer.
Não quero falar ainda daquilo que existe dentro deste romance. Lá para meio do mês de Março, este livro, que agora tem peso físico, estará nas livrarias e haverá tempo para isso, aqui e noutros lugares.
Mas uma coisa importante de cada vez.
E agora existe um livro.
Tenho-o aqui ao meu lado, enquanto escrevo. Porque não consigo afastar-me. Ando com ele atrás há horas, desde que o fui buscar à editora. Olho para ele e reconheço-o. É meu. Não sei o que vai acontecer depois, mas por agora é meu. É o romance que escrevi. Já não é apenas palavras. Tem cheiro. Se cair no chão faz barulho. Se o deixar uns minutos ao sol o papel fica quente. Se o deixar semanas ao sol amarelece e encarquilha-se, na capa, as palavras do título - DEIXEM FALAR AS PEDRAS - apagam-se.
É uma coisa importante, claro. É, ao mesmo tempo, o fim e o início. A partir deste momento, muitas outras coisas vão acontecer.
Não quero falar ainda daquilo que existe dentro deste romance. Lá para meio do mês de Março, este livro, que agora tem peso físico, estará nas livrarias e haverá tempo para isso, aqui e noutros lugares.
Mas uma coisa importante de cada vez.
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