Da primeira vez que deixei Belgrado, há 7 anos, pensei: "Gostava muito de voltar aqui, mas é possível que isso nunca aconteça." No domingo de madrugada, apanhei um táxi para o aeroporto e pensei: "Gostava muito de voltar aqui, mas é possível que isso nunca aconteça." De modo que tenho esperança.
O meu corpo lembrava-se de Belgrado. Na recepção do hotel pedi um mapa da cidade, mas não cheguei a usá-lo. As minhas pernas sabiam o caminho e os meus olhos sabiam para onde olhar. Sem dificuldade encontrei todos os lugares por onde tinha passado há 7 anos.
No sábado li novamente O Mundo Silencioso de Diamantino. Estávamos no parque Kalemegdan, junto à fortaleza. A noite estava fria mas não chovia. Antes tinham passado o filme The Graduate e havia centenas de pessoas espalhadas pela relva. Quando o filme terminou e começaram as leituras, muita gente levantou-se porque a literatura é, de longe, menos popular do que o Dustin Hoffman. Mas ainda assim umas cem pessoas resistiram ao impulso de ir para casa e ficaram para ouvir escritores a ler contos em idomas incompreensíveis. Gosto muito dessas cerca de cem pessoas.
E agora Lisboa outra vez. Mas isso nunca foi uma coisa má.
Será caso de recordar a máxima "nunca digas nunca"!
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